Post Mortem

A revista Crescer online publicou no dia 30/01/2017, a história do casal australiano que ganhou o certificado de recorde do Guinness, por ter gerado um filho utilizando espermatozoides congelados por 23 anos – tempo mais longo conhecido entre o congelamento e a fecundação. Esse caso aconteceu devido ao pai do bebê, quando jovem (aos 15 anos), ter sido acometido por câncer. Por receio de infertilidade, que geralmente é provocada pelos tratamentos, a família dele recomendou a preservação de gametas. Ainda bem! Porque de fato ele quis ser pai mais tarde e recorreu aos seus espermatozoides criopreservados para realizar uma fertilização in vitro. O filho do casal nasceu em junho de 2015.

Felizmente, no caso acima o paciente oncológico conquistou a sua total recuperação. Mas, nem sempre é assim. As taxas de mortalidade por câncer, no Brasil, revelam que a quantidade anual de óbitos é de 98.033 entre homens e de 86.040 entre mulheres. Esse levantamento é feito pelo Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA), integrado ao Ministério da Saúde.

Os números expressivos mostram que muitos morrem sem ter a oportunidade de gerar filhos. No caso dos homens e mulheres que se precaveram antes dos tratamentos, congelando seus gametas, há a possibilidade de os parentes darem sequência ao processo de geração da vida, com o material genético da pessoa que faleceu. O assunto pode parecer mórbido para algumas pessoas, mas com certeza é a esperança concretizada para muitas famílias.

A reprodução assistida post mortem é permitida, pela medicina e pelas leis brasileiras, desde que haja autorização específica deixada pela pessoa falecida, para o uso dos gametas criopreservados.

Não existe um tempo limite para que os gametas fiquem congelados. A criopreservação é um procedimento realizado por profissionais altamente capacitados e com tecnologia de ponta. Tão logo os gametas são congelados, as características são mantidas, para utilização posterior.

Todas as pessoas podem optar pela criopreservação e deixar uma declaração, permitindo o uso dos óvulos ou espermatozoides após a morte. Não é uma prática exclusiva para quem está acometido por doenças graves, apesar de o recurso ser mais utilizado nesses momentos.

Conforme a medicina reprodutiva evolui, é importante que as famílias se inteirem sobre os tratamentos existentes e que conversem a respeito deles. Divulgue essa informação para outras pessoas e amplie o campo de possibilidades, o que só é possível fazer por meio do conhecimento.

Compartilhe:

Posts Relacionados