É possível ter filhos após laqueadura ou vasectomia?

Não é incomum que pessoas que já realizaram esterilização reprodutiva (vasectomia e laqueadura) mudem de ideia e resolvam ter filhos de novo. Os motivos incluem situações como a mudança de parceiros, melhora da condição financeira e transformação de pensamento, entre muitas outras razões.

De acordo com matéria intitulada “Cresce procura para reverter esterilização”, da folha de São Paulo (assinada por Cláudia Collucci), “não há uma pesquisa que indique a taxa de arrependimento entre homens que fizeram vasectomia e mulheres que se submeteram à laqueadura, mas estudos de serviços públicos mostram que o percentual é de cerca de 30%.”

Apesar de ser possível reverter a vasectomia e a laqueadura de trompas, o processo não é garantido. Afinal, foram feitos para oferecer caráter definitivo. Em muitos casos, a reprodução assistida será a solução. Mas antes de esclarecermos como é possível ter filhos mesmo após a laqueadura ou vasectomia, vamos entender o que de fato os métodos de esterilização são:

Laqueadura

Processo cirúrgico feminino para inibição gravidez. Oferece mais de 99% de efetividade e é considerado como um método permanente. Consiste na ligação definitiva das trompas de falópio, que são o caminho por onde o óvulo é liberado pelo útero. Por esse mesmo duto, os espermatozoides nadariam para encontrar o óvulo, gerando, então, a fecundação. Quando as trompas são bloqueadas (após a “ligadura”), as “portas se fecham” para que o “esperma” não chegue ao gameta feminino. Em alguns casos, em vez de se realizar a esterilização com o corte cirúrgico, os tubos são “amarrados”. A laqueadura é um dos tipos mais efetivos de controle de natalidade.

Vasectomia

Procedimento cirúrgico masculino de esterilização para quem não deseja ser pai. O efeito pretendido é que seja permanente e a eficácia é superior a 99%. O tramite cirúrgico envolve a retirada um fragmento de cada um dos dois canais que levam os espermatozoides dos testículos ao pênis. O procedimento impede a circulação dos espermatozoides, assim eles não são conduzidos para os canais que desembocam na uretra. Em poucos meses, o sêmen não conterá gametas masculinos, impossibilitando uma gravidez.

Como visto nas explicações acima, tanto a laqueadura como a vasectomia são realizadas com o intuito de serem definitivas. Ou seja, só devem ser realizadas por aqueles que têm certeza de não querem filhos na posteridade. Contudo, a vida é sempre uma surpresa. Por vezes, depara-se com anseios e necessidades diferentes daquelas que eram nutridas antes. Sendo assim, pode-se tentar a reversão dessas cirurgias de esterilização.

Nos primeiros dez anos da esterilização, as chances de reversão feminina com a recanalização das trompas são de 50%. As chances da reversão masculina com a restauração das vias seminais são, em média, de 30%. Quanto maior o tempo entre a cirurgia contraceptiva e a reversão, as chances de uma gravidez espontânea diminuem. Se a esterilização for realizada com sucesso, ainda assim a probabilidade de gravidez natural pode ser pequena, a depender de vários fatores como a idade da mulher, as condições das trompas e a qualidade dos espermatozoides do marido.

Apesar da possibilidade de desfazer a vasectomia e a laqueadura, a reprodução assistida, por meio da fertilização in vitro (FIV), é a melhor opção para quem deseja ter filhos, em vez de tentar a reversão e correr o risco de não dar certo – tendo o investimento de tempo, dinheiro e psicológico em vão. Mas, para essa tomada de decisão, é fundamental que o paciente ou casal tenha a orientação de um especialista em reprodução humana.

FIV

A fertilização in vitro (conhecida como FIV) induz a liberação de um número maior de óvulos da mulher, que é estimulada com doses de hormônio. Em seguida, os óvulos são retirados, através do procedimento de coleta ovular guiada por ultrassonografia em um bloco cirúrgico. Em laboratório, eles são unidos aos gametas masculinos. A formação de embriões ocorre fora do corpo. Posteriormente eles são transferidos para a cavidade uterina, onde deverão se implantar na parede do útero para dar sequência à gravidez. Seu médico pode orientar sobre qual é o procedimento mais adequado para o seu caso. Entenda todas as etapas para saber como funciona:

1 – ESTIMULAÇÃO DO OVÁRIO: a futura mamãe prepara o organismo para ovular com o auxílio de alguns medicamentos.

2 – RETIRADA DE ÓVULOS: os óvulos são retirados do organismo feminino por uma aspiração transvaginal, guiada por ultrassonografia.

3 – INSEMINAÇÃO: os óvulos extraídos passam por uma triagem. Os mais saudáveis são selecionados para receberem os espermatozoides, que também passam por uma avaliação. Os melhores gametas, masculinos e femininos, são unidos, em incubadora.

4 – CULTURA DOS EMBRIÕES: dentro de um ou dois dias, a verificação microscópica é feita, para consultar se houve multiplicação celular, proporcionada por penetração de algum espermatozoide em óvulo.

5 – REIMPLANTAÇÃO DO ÓVULO FECUNDADO: após cerca de três dias, o embrião é transferido ao útero, com a ajuda de um cateter fino. A partir desse momento é necessário aguardar, para ver se o embrião se implantará com sucesso na parede uterina, para dar sequência à gestação.

Para saber mais sobre o tratamento e as possibilidades, consulte um médico especializado em reprodução humana.

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